Neyma: basta uma meia dúzia de adidos

A cantora Neyma está na direcção certa. Em entrevista ao Magazine Independente, ela disse que o Governo podia fazer mais pela promoção da música moçambicana no estrangeiro. Também eu acho que sim e uma das fórmulas é até bastante velha: os adidos culturais. Com uma meia dúzia de adidos nas representações diplomáticas de Moçambique nas principais capitais da cultura e do mecenato, outro galo cantaria. Não precisamos de ir longe para testar a receita. Basta só olhar para a diferença que faz o trabalho dos adidos culturais na percepção que em Moçambique hoje temos da cultura brasileira, portuguesa ou francesa. A falta de dinheiro não explica tudo.

4 comentários:

Bayano Valy disse...

e depois falamos de que as políticas devem ser multisectoriais. talvez não seja necessário termos adido cultural (embora a ideia me fascine) - temos poucos recursos. talvez termos um homem (porquê não mulher?) com sensibilidade para a cultura num embaixador, adido diplomático, etc... em minha opinião quando nos representam deviam estar a representar tudo o que compõe o mosaíco sócio-cultural moçambicano.

Anónimo disse...

Meu caro Bayano, há que rever a actual política e tirar partido das embaixadas que temos nalgumas capitais importantes do mundo. Os adidos ajudar-nos-iam a colocar Moçambique na agenda internacional, captando inclusive financiamento para Moçambique. É por continuarmos a acreditar em embaixadores-do-tipo-faz-tudo que, em trinta e tal anos de independência, Moçambique só teve - que eu saiba - um único adido cultural e continuamos a perder oportunidades de maior visibilidade internacional. Não tentemos inventar a roda.

Bayano Valy disse...

claro que não. o que me penso é que com instruções claras, os nossos embaixadores podem fazer muito. o mais importante é que saibam que vender a imagem de moçambique não significa apenas a de um moçambique económico. não admira que as coisas andem como estão: quando da entrega em moçambique de prémios para melhor jornalista da cnn áfrica, o pr discursou e não se recordou de convidar aos presentes e ilustres estrangeiros a visitarem as nossas maravilhosas praias; a vistarem as galerias de arte; os eventos culturais; entre outros. e isto é triste porque o seu actual conselheiro sénior é alguém que durante anos ficou ligado à cultura na sadc... estás a ver?

jpt disse...

uma política de extroversão cultural bem delineada será mais importante do que os adidos culturais - ou então teremos (terão) uma dependência do toque pessoal de cada adido (o que seria necessário, mas caso não esteja suportado na base não terá muitas pernas para andar)

Desculpar-me-ás a intromissão em assunto nacional mas esta lembranças sobre a política cultural externa e seus instrumentos (adidos) leva-me a pensar que a política cultural moçambicana tem sido assunto ausente do bloguismo ...

(já agora, os brasileiros não têm adido cultural em Moçambique; os franceses têm mas o que se vê, o que se sente, não é o seu trabalho, mas sim do Centro cultural, o que é coisa diferente. Também por isso a questão levantada tem mais caminhos do que aqueles que referes - o que não significa que eu esteja contra a ideia. Aliás, nem tenho nada que estar ...)

e obrigado pela ligação ao ma-schamba