Craveirinha: a memória revisitada


Sempre vale a pena revisitar a memória de José Craveirinha. Leia a minha contribuição aqui. Pelos jornais, soube que por ocasião do 28 de Maio, data de nascimento do poeta, Tânia Tomé organiza hoje, quarta-feira, um recital no Centro Cultural da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo. Também me chegou às mãos ontem um convite para assistir amanhã, quinta-feira, ao lançamento do Núcleo de Amigos José Craverinha (NAJOC) e exposição de peças da Casa-Museu, no Instituto Camões, também em Maputo. Do resto do país, só me chegam pedaços de silêncio, o que estranhamente não me espanta. São coisas da nossa terra.

2 comentários:

Avid disse...

Vele a pena lembrar...


Quero ser tambor (José Craveirinha)

Tambor está velho de gritar
ó velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
corpo e alma só tambor
só tambor gritando na noite quente dos trópicos.


E nem flor nascida no mato do desespero.
Nem rio correndo para o mar do desespero.
Nem zagaia temperada no lume vivo do desespero.
Nem mesmo poesia forjada na dor rubra do desespero.
Nem nada!


Só tambor velho de gritar na lua cheia da minha terra.
Só tambor de pele curtida ao sol da minha terra.
Só tambor cavado nos troncos duros da minha terra!


Eu!

Só tambor rebentando o silêncio amargo da Mafalala.
Só tambor velho de sangrar no batuque do meu povo.
Só tambor perdido na escuridão da noite perdida.


Ó velho Deus dos homens
eu quero ser tambor
e nem rio
e nem flor
e nem zagaia por enquanto
e nem mesmo poesia.


Só tambor ecoando a canção da força e da vida
só tambor noite e dia
dia e noite só tambor
até à consumação da grande festa do batuque!
Oh, velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor!


Bjs meus

mãos disse...

Concordp com a Diva.Eu tambem tentei o lembrar....tarde, mas acho que vale a pena.Procurei no Youtube e achei-o...maravilha acho eu...deixei -o aqui (www.maosdemocambique.blogspot.com)